sexta-feira, 2 de abril de 2010

No pé de Cedro


Quem conhece Marília vai se lembrar que na Rua Paraná, abaixo da linha, bem em frente onde hoje está construída a Caixa Federal, havia uma porteira e um pé de Seringueira grande. A entrada em questão, leito de pedras de paralelepípedo, era acesso para o antigo pátio da FEPASA, hoje acesso ao estacionamento da loja Galpão Móveis.
Pois bem, era ali que meu amigo Toninho montava sua banca de ferro velho e passava o dia proseando com as pessoas que paravam para ver as velharias. Chaleiras de ferro fundido, panelas de ferro, coador, torrador de café de bola, enxada e machado "Duas Caras", martelo "Beloti", facão "Colins", balança de vara e bola, pé-de-ferro para sapateiros, correntes e cadeados de segunda mão, canivete sem cabo, tudo, mas tudo mesmo que você possa imaginar que talvez não tenha serventia, ali, sempre encontrava endereço novo e certo.
Foi com o Toninho que aprendi a gostar de "antiguidades", aqui em casa denominadas de velharias. Comecei com uma coleção de relógios de bolso (que guardo até hoje), depois passei para as garruchas, moedas antigas, rádios antigos (tenho vários deles ainda) e apetrechos em geral.
Um daqueles dias, passando pela banca do Toninho vi que ele estava vendendo duas mudas de Cedro. Pela amizade e simpatia ele me presenteou com uma delas; muda que plantei na entrada da chácara do meu sogro no distrito de Padre Nóbrega. Diz o velho ditado que onde tem pé de Cedro, raio não chega perto, então, carecia o plantio bem na porteira.
Cresceu árvore bonita, frondosa e na primavera se enche de flores que tem o cheiro bem parecido com a florada do café, cheiro doce que toma conta da redondeza. É uma formosura só de se vê !
Foi nos galhos firmes desta árvore que seu João-de-Barro fez sua primeira casa onde tirou filhotes mais a sua companheira. Depois, um pouco acima, fez outra morada e nova ninhada. Hoje esta segunda casa está alugada para alguns pequenos periquitos que acharam a coisa no jeito e resolveram procriar também.
Mas agora seu João resolveu fazer outra casa, talvez motivado pelo programa "Minha Casa, minha vida" do governo federal. O fato é que esta nova morada me chamou a atenção. Observe a foto, veja que as duas primeiras moradas tem a porta para o lado norte.
Aprendi que o pássaro faz a casa do lado contrário da chuva para evitar problemas com inundações e também fica protegido do vento mais forte. Tem tino para isso, nosso Deus dotou estes pássaros com um sistema de GPS que é fantástico de bom.
A terceira casa está com a porta voltada para o lado sul, notaram? Achei estranho e registrei a foto para perguntar ao amigo Valtinho, o Zootecnista e astrônomo, se é porque mudou a estação do ano ou o bicho errou mesmo.
Ele escreveu estes dias em sua coluna semanal no Jornal da Manhã contando que algumas colméias estão desorientadas pelas mudanças climáticas constantes. Será que a bússola do meu amigo João sofreu alterações também ?

Se puder nos ajudar Valtinho suas explicações serão bem-vindas.

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