terça-feira, 26 de agosto de 2014

O Curta que não rodou

Depois que contei a história abaixo para o Joel Jr, cinegrafista e produtor de mídia digital, ele fez o comentário: "você sabe que até daria um curta metragem!".

O curta que não rodou.

 Conversando ontem com Joel Junior Souza comentei sobre uma pipa que pairava sobre o centro da cidade. Estampava a bandeira inglesa, sustentada por uma linha quase invisível que a remetia sabe-se lá onde.
Uma pipa, bem no centro da cidade? Como assim? É muita ousadia, em manhã de plena segunda, sobrevoar a Sampaio, sem compromisso.
Além do mais, crianças no centro da cidade ...são quase uma raridade e ainda soltando pipa!? Não. Elas estão presas em seus apartamentos, quando muito, soltam sacolinhas de plástico pela janela para ver o seu bailado no vento, por pura peraltice e curiosidade.
Mas se tinha pipa no céu é porque tinha alguém na outra ponta da linha.
E lá estava ele, na Praça São Bento. Bermuda amarela, toda estampada, camisa da seleção brasileira com o nome do Ronaldinho, óculos de sol de armação branca, no maior estilo fashion day.
Um garoto, um menino? - Não. Era um rapaz, tinha lá seus dezenove ou vinte anos. Donde é que surgiu este personagem?
Soltava e recolhia a linha, desbicava, provocava o vento e as pessoas.
Que magia tem uma pipa no céu, inda mais quando paira sobre o centro nervoso da cidade. Seu bailado inquieto, tal como flauta de encantador de serpentes, conseguiu, ainda que por alguns minutos, tirar algumas pessoas do seu mundo fechado, dos cárceres dos fones e iPads, e erguer os olhos acima da linha do coração.
Ahhh!, existe luz lá em cima, nuvens, cores e o vento que empurra as nuvens para que o céu azul apareça.
E tudo porque tinha uma pipa no céu.

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