segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A nossa história na Rua Sete de Setembro


No Facebook existe um grupo denominado "Memória de Marília", criado por Wilza Matos , bibliotecária da Câmara Municipal de Marília, membro da Comissão de Registros Históricos, com o objetivo de ampliar a participação da comunidade no resgate da memória cultural da nossa gente e da nossa terra. E a iniciativa deu mais do que certo, tanto, que a página já conta com 3.441 membros e tende a crescer.
Além de se tornar um "ponto de encontro" de quem literalmente curte as memórias da nossa cidade, também atraiu marilienses que estão residindo fora. O melhor é que nestes últimos dois anos de atividade a página se tornou um dos principais canais de coleta de novas informações para a Comissão. Foi uma avalanche de fotos e de documentos antigos, a maioria, arquivos de famílias que estavam guardados  nas gavetas.
A cada nova velha foto postada sempre segue uma série de comentários. E como uma história puxa outra, um fio de lembrança puxa a meada de fatos e personagens que a penumbra do tempo estava quase apagando.  Foi assim que decidi pedir ajuda aos seguidores do site para escrever sobre a Rua Sete de Setembro.
Fachada atual
A Regina Aparecida Perpetuo, entusiasmada, postou uma série de informações: " na 7 de setembro, esquina com a Sampaio Vidal, era o Magalhães. Foi sede da primeira faculdade de Marília e do primeiro curso de química industrial . Já na esquina com a av. Santo Antônio, existiu a Serraria dos Capeloza, vizinho a Fabrica de Móveis da Família Simplício, um pouco adiante, o Centro Espírita Amantes da Pobreza, fundado em 1.938. Moraram nesta rua as famílias Borguetti, Stropa, Grassi, Galati, Patori , Salzedas, Mazzali,Tanuri ,Tavares da Costa, família do Marcelino Medeiros. Irigino Camargo morou na esquina da Lima e Costa por mais de 50 anos ,também a matriarca da família Jorente e o Orlando Lopes Fassoni .Entre a rua 24 de dezembro e av. Santo Antonio, tinha a Oficina de Onibus Orience, e depois passou para oficina de conserto de autos do Onofrinho .Na esquina com a rua XV de Novembro, foi o Tiro de Guerra. Ao lado da sapataria (nº 301)que foi citada existiu o açougue. O Ricardão, dono do Bar do Rio do Peixe, morou por mais de 20 anos entre a Sto. Antônio e Lima e Costa . Ainda mora lá desde, 1950, o Carlinhos, que tinha banca de revista na Rodoviária , filho do Prof. Antônio. Até 1950 ainda era o cafezal da Fazenda Bonfim, quando começou as construções das casas. Um bem conhecida e que mantem as características originais é a residencia do Manhães, que tinha bandeiras hasteadas, hoje pertence a família Doreto, onde no jardim até bem pouco passado, havia tonel para curtir cachaça, que veio do alambique pertecente a família (Katyra). Moraram nesta via também,o José Nelson de Carvalho,o Wilson Borguetti, o Alfredinho Novaes( ao lado a esposa montou uma confecção e loja ), o Dr. Mazzafera, que doou terreno para construção da Igreja de Nossa Senhora de Lourdes.
Antiga entrada da Fazenda
O Mansur Lufiti,reforçou: " A rua 7 de setembro terminava na rua Bonfim, bem na entrada para a fazenda. Em seguida havia o cafezal. A gente descia do campo de futebol do Morro do Querosene, até o campo de futebol da fazenda Bonfim, pelo meio desse cafezal. Eu também me lembro da queima de fogos de artifício, em 4 de abril e 7 de setembro, na baixada da rua que era completamente desabitada.. A última coisa que havia era o muro dos fundos do Tênis Clube."

O Antonio Jr, outro membro do grupo, destacou que foi o seu finado avô, Jose Thomaz, um dos primeiros moradores da rua, casa nº 520, e que ele mandou puxar toda a rede elétrica da 07 de Setembro. Lembrou também que por baixo do asfalto de hoje, a rua é toda de pedras de paralelepípedos.
E tivemos a contribuição do Brasa, o Luiz Carlos Martins Morilhas: "a Regina Perpétuo, assim como o Mansur Lutfi, reportaram com muita propriedade a perspectiva da Rua Sete de Setembro nas décadas de 40/50/60. Nasci no ano de 1.949 e fui criado na esquina da rua São Luiz com a Rua Cel José Braz, nº 206, o prédio ainda existe. Palmilhei essa redondeza na minha infância.
A casinha de madeira entre os prédios
Visitei a casinha de madeira, que já foi sapataria, tendo ao lado o açougue em alvenaria. As duas construções guardam a história deste tempo relatado acima pelos amigos. O forro da casinha é trabalhado artísticamente, tem respiro e arremates para dar um charme no ambiente, tem porta com tranca de madeira e janela veneziana.
Sob a direção da empresária Alexandra Pereira Prizão, atende aos clientes com dois ramos de atividade,  a venda de água mineral e de artigos para limpeza. Escovas, vassoura caipira, sabão caseiro, panos de limpeza feitos de sacos alvejados, se misturam a produtos de limpeza doméstica. O ambiente, o conjunto de informações visuais, o cheiro característico de alguns produtos ali expostos, nos levam de volta ao passado.
Conversamos bastante, ela, muita atenciosa, contou que tem planos para o futuro breve. Quem sabe, a 7 de setembro volte a ter uma "venda", com doce de leite de lata, fumo de rolo, réstias de cebola e alho, feijão novinho na sacaria, garrafas de cachaça na prateleira, um rádio antigo, um moinho, e um bom café fresco, passado no coador de saco e servido na canequinha de ágata. Seria tudo de bom.
Publicado no Jornal Diário de Marília, em 07/09/14


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