terça-feira, 11 de novembro de 2014

Feira de orgânicos nas ruas de Marília


As feiras de produtos orgânicos se tornaram uma febre em São Paulo. O assunto é levado tão a sério que tem até um instituto, igualmente sério, que produziu um mapa nacional para você encontrar as indicações dos locais onde acontecem feiras orgânicas e a presença de grupos de consumo responsáveis. Fui lá conferir e a mais próxima de nós está na cidade de Palmital, que, por coincidência, acontece também nas quintas-feiras, das 14h às 18h30, na praça central da cidade.O mapa está disponível em http://www.idec.org.br/feirasorganicas.

Perceberam que a via é de mão dupla? A produção orgânica está diretamente ligada ao consumo responsável, ou seja, aos cidadãos que têm a consciência do comer bem, que veem nos alimentos a prevenção e o melhor remédio. 

Da mesma forma, a produção orgânica tem seus limites, exatamente porque não é de escala, mas sim de métodos e processos, alguns por sinal bem empíricos, onde se acompanha, por exemplo, as fases da lua para fazer o plantio e esperar a colheita. Mas, pensar que é possível alimentar uma nação só com orgânicos é algo muito distante da realidade; são muitas bocas e a fome é grande.


Aqui em Marília a feira de quinta-feira, na Av. das Indústrias, das 17h às 22 h, conhecida também como Feira Noturna, pode ser uma boa opção para, num futuro próximo, a gente ter um espaço agroecológico e adquirir produtos cada vez mais saudáveis. Mas, para isso, é preciso treinamento, capacitação, organização, fatores que por si vão gerar a conscientização. Produzir orgânicos dá mais trabalho e menor volume. Por isso mesmo, os produtos de origem orgânica têm preço mais alto do que o varejo extensivo.

Na feira em questão, a maioria das barracas está na área da gastronomia, se bem que a proposta do início era para ser mais diversificada. Produtor rural acorda cedo, ou melhor, de madrugada. Antes disso, tem que plantar, cuidar, molhar, colher, e só depois carregar a Kombi para ir à feira, montar a banca e vender. Poucos deles conseguiram acertar a agenda e participar da Feira Noturna.



Tião do Café, levou torrador para a feira
Mas lá tem o pão caseiro, orgânico, vendido embalado e congelado. Você compra e segue a receita: retira do congelador no período da noite e deixa na assadeira, coberto com pano úmido, até o dia amanhecer. Aqueça o forno e ponha para assar, por 20 minutos, e pronto, o cheiro de pão feito em casa toma conta da casa toda. Experimentei e aprovei, a família aplaudiu e pede bis. Pão quentinho com manteiga derretendo faz sucesso sempre.

Tem café moído na hora, tempo de espera suficiente para trocar receitas e falar de "engordices" que sempre fazem muito bem para a cabeça, ou dos chás que emagrecem, das receitas menos ou mais calóricas. Comer é ser feliz, comer bem, mais feliz ainda, e promove a socialização das pessoas.

Tem vários trailers onde, geralmente, os pasteis, fumegantes e estalando a massa crocante, são os campeões de venda, dos tachos direto para a multidão de bocas que sopram e mordem ao mesmo tempo. E o famoso bolinho de carne? O ritual é: morder e virar a ponta para baixo para escorrer o caldo, depois, muito molho de pimenta e de cheiro verde picadinho.

Um conhecido feirante que comercializa morangos investiu alto e providenciou novo trailer, este revestido de inox, impecável na limpeza, para vender as cestinhas de frutas, naturais, até que o cliente faça o pedido de despejar calda de chocolate quente ou leite condensado. E tem as vitaminas, os sucos, igualmente naturais, basta não adicionar açúcar refinado, podendo substituir por mel, vendido no mesmo local pelo meliponicultor Antônio Scalco.

Fui procurar mais informações sobre como está a produção orgânica em nossa região e cheguei até o escritório regional do Sebrae/Marília. A técnica Cristiane Aguiar, atenciosa como sempre é, me deu boas informações. Existe um trabalho voltado para a holericultura ou  agroecologia, onde agricultor utiliza insumos e defensivos naturais no processo produtivo, faz a compostagem para adubação e o controle de pragas via insetos e predadores naturais. Cuida, ainda, da correta utilização e reutilização da água para rega, faz a preservação de nascentes, sempre buscando o equilíbrio no biossistema da área produtiva.  

Venda de mudas de hortaliças
Neste trabalho, depois de um estudo sobre a área do plantio, faz-se o planejamento da produção, até a entrada (venda) no mercado, tudo com acompanhamento técnico com vistas a obter sempre os melhores resultados. Um exemplo prático é a empresária Ana Paula, da Usina Paredão, no município de Oriente, que criou a empresa "Balaio". Cristiane contou que ela faz entregas domésticas regulares de cestas com produtos orgânicos, tudo fresquinho, saído da horta, direto para a mesa das famílias. Tem fila de espera.

Depois de dois anos de atividades acompanhadas, os produtores rurais que estão investindo na holericultura poderão solicitar a certificação de orgânico. Entre os institutos que emitem o selo está a Associação de Biodinâmica, estabelecida na cidade de Botucatu.

Quem sabe, em breve, nós tenhamos nas feiras e ruas da cidade mais barracas comercializando orgânicos e promovendo oficinas de sucos naturais,de tortas e bolos, tudo na moda como era feito pelos nossos avós, pois, como dizem: "Una buona nonna vale cento maestre."
 
Publicado no Jornal Diário de Marília, edição de 09/11/2014

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