sábado, 27 de maio de 2017

A bolacha da AFA e a história do T-37

Um presente muito especial.

Esta carta acompanhou o presente que a Vera Cordeiro me enviou pelo Correio

A "bolacha" do Esquadrão AFA
O T-37 surgiu na década de 1980, fabricado pela norte american CESNA AIRCRAFT  Company que obteve grande sucesso, mas o lançamento comercial teve início em 1984 patrocinado pela FEDEX. Recebeu o apelido de 4X 4 ou "Jipe dos Ares", podia pousar até em pistas de areia, mas no começo só era usado com propósitos militares, de treino ou transporte.
O motor era o Caravan Turbo-hélice, Pratt & Whittney - Whitney  PTGA.
Esse avião foi utilizado na FAB para treinos, inclusive aqui perto (São Carlos) na AFA de Pirassununga e foi justamente lá que o conheci na época de 1987. A AFA é uma academia de nível superior da Força Aérea do Brasil, fundada em 1960 e situada no Campo Fontenelle, na estrada de Aguaí-Pirassununga, SP-225, Km 39. Os cursos de graduação são plenos, porém são diferentes do sistema dos civis, regulados pelo Ministério da Aeronáutica e em parte pelo Conselho Federal de Educação.
Forma engenheiros e administradores voltados para a área militar, principalmente com caças, há instruções de paraquedismo, sobrevivência em selva e no mar, além da "Esquadrilha da Fumaça", que utiliza os Tucanos.O início do treinamento acontece com o T-25, por 75 horas, na sequência passam para o T-27 (que é um turboélice avançado, até completar 130 horas de voo.
Existe na AFA uma parte aberta ao público, onde fui muito bem recebida, inclusive almocei no restaurante com os oficiais em 1977em visita agendada. Para o público em geral estão abertos aos finais de semana.
Vera Cordeiro e o vereador Wilson Damasceno
Por ser muito perto de São Carlos, inclusive as vezes fico assistindo do quinta de casa o treinamento dos caças; imagine ver um descida em parafuso de sua casa, claro que assusta, mas é bonito, acho que é um privilégio, visto que sempre me interessei por aviões.
Quanto a Esquadrilha, ela começou com o T-24 que era aeronave francesa, conhecido como "Super Fouga Magister", usados até 1972, depois houve um deles fabricado na FAB, e na sequencia o T-25 (Neiva -25) que foi usado até 1983, em seguida o T-27, já fabricado pela EMBRAER, isso a partir de 1983.

Aeronave modelo T-37
Quanto ao T-37, teve início em 1968 e atuou por aqui em treinos até 1987, quando nos despedimos dele. Entrei no avião, mas não voamos,  mas ganhei a "Bolacha", assim como eles chamam,  para costurar em algum blusão ou calças, mas guardei.  

A "bolacha" era utilizada no uniformes na época dos treinos com o T-37 quando do início na "Esquadrilha da Fumaça", sendo aeronave fabricada pela CESNA AIRCRAFT.
                                          * Por Vera Cordeiro


* Anotações do autor: Vera é irmã de dois grandes amigos, o Nene Crdeiro, já falecido, e o Marcos (Marcão Cordeiro), médico e professor, pessoas que tive a alegria de compartilhar bons momentos nesta jornada. É também autora do livro Uma Carta para Elvira, dedicado à memória de sua mãe, onde conta a história e lembranças da família Cordeiro.
Na foto é o registro do momento do lançamento do livro na Câmara Municipal de Marília.

Ivan Evangelista Jr, é membro da Comissão de Registros Históricos de Marília, Chefe de Gabinete da reitoria do Univem, fotógrafo e autor do primeiro Guia de Roteiros Turísticos de Marília.


domingo, 21 de maio de 2017

O Museu de Paleontologia de Marília e o turismo científico

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O turismo científico é uma fonte de renda e geração de empregos que agrega uma série de benefícios para inúmeros segmentos da economia e promove os pontos fortes da cidade. Outra grande vantagem que é após a expedição os atores envolvidos produzem artigos que serão publicados e repercutidos em periódicos e revistas científicas do mundo todo, sempre ilustrados com fotos e com dados sobre a cidade e os locais visitados.
Além doa vocação para o turismo de negócios que concentra uma série de atividades em torno do comércio, da indústria e do setor varejista, a cidade de Marília tem o Museu de Paleontologia que nos integra ao seleto elenco das cidades que contam com um atrativo cultural muito singular e que pode ser muito mais explorado do ponto de vista econômico e promocional.
Três dos pesquisadores  pela primeira vez no Brasil
Na tarde do sábado, 20/05, desembarcaram no aeroporto local cinco pesquisadores internacionais para conhecer de perto o trabalho do paleontólogo Mariliense William Nava e visitar o museu local que foi organizado com fósseis encontrados na região de Marília. Segundo Nava, o convite para os visitantes surgiu após a sua participação como palestrante convidado, em evento científico no estado do Rio Grande do Sul, onde teve a oportunidade de mostrar parte do seu trabalho de pesquisas e despertou o interesse dos pesquisadores.

Tal qual o caixeiro viajante William levou na mala uma oferta de produtos e serviços que certamente poucas cidades podem oferecer. Explico. A variedade dos fósseis descobertos na região é algo que surpreende, sendo o conjunto mais completo o Mariliasuchus, uma espécie de crocodilo, com cerca de 60 cm e que viveu em nossa região no fim do período cretáceo. Mais recente William se tornou manchete novamente dos principais órgãos de divulgação científica e da grande mídia com a descoberta dos restos fossilizados de um Titanossauro na beira da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, sendo que os primeiros indícios do que veio a ser um dos maiores sítios de pesquisas paleontológicas surgiram no ano de 2009 após uma visita ao local e a descoberta da ponta de uma costela fossilizada. Literalmente esta costela exposta no barranco foi o fio da meada de um grande acontecimento.
Conhecendo o acervo
Neste domingo (21/05/2017) a expedição de pesquisadores seguiu para a cidade de Presidente Prudente onde vão escavar o solo por uma semana na busca de novas descobertas. Em outras visitas Nava já encontrou fósseis de pássaros, de tartarugas e outros que indicam ser o local uma grande possibilidade de novas e importantes descobertas. O método inicial deste trabalho é sempre o mesmo, a observação, contando é claro com a experiência do pesquisador que tem o olho clínico para identificar o tipo de solo que tem o potencial de guardar restos fósseis.


O trabalho de Nava já rendeu para a cidade de Marília uma grande vitrine de marketing que em minha opinião foi pouco explorada pelo município. O escritor e autor de novelas  Walcir Carrasco se inspirou na história do Willian Nava para escrever a novela “Morde e Assopra” e que foi sucesso na Rede Globo.  
Existe uma convergência de forças política e cultural para que o Museu Paleontológico de Marília ganhe mais apoio e incentivo. No momento as atuais instalações atendem o acervo de fosseis expostos em vitrines e algumas pequenas replicas em tamanho natural, porém, nosso potencial turístico requer a instalação no próprio museu e em outros locais estratégicos de réplicas em escalas bem maiores que certamente vão atrair um número maior de turistas.
Quanto mais fotos e selfs, melhor, quanto mais divulgação, melhor para a cidade e para o pesquisador que precisa do nosso integral apoio para continuar seu trabalho. Um museu com mais tecnologia, com expositores padronizados e contando com iluminação ambiente planejada, para valorizar as peças expostas e criar o efeito 3D já seria um passo a mais na busca da excelência do atendimento ao turista.
Os museus mais modernos são organismos dinâmicos e permitem uma maior integração com os seus visitantes estimulando os sentidos, proporcionando a oportunidade de novos aprendizados e despertando o interesse pelas nossas origens.

Projeto cultural fez exposição de replicas em praças de Marília
O Museu de Paleontologia tem registro em várias em publicações científicas de paleontologia, como: Geologia Colombiana (1999), American Museum Novitates (2006), Gondwana Research (2007)  Bulletin of Geosciences (2009), Academia Brasileira de Ciências (2011) Cretaceous Research (2012) e  Zootaxa (2013), entre outras, e já conquistou espaço de mídia nos jornais de grande circulação nacional: Folha de S. Paulo, Estadão, O Globo/RJ: estaduais como  o Estado de Minas, Zero Hora,   Diário Oficial do Estado de S. Paulo, Diário Popular.
O endereço do Museu de Paleontologia : Avenida Sampaio Vidal, 245, esquina com Avenida Rio Branco – prédio da Biblioteca Municipal. fone (14) 3413-6238, a entrada é gratuita.


Autor: Ivan Evangelista Jr, é membro da Comissão de Registros Históricos de Marília, chefe de gabinete da Reitoria do Centro Universitário Eurípides de Marília, fotógrafo, e autor do primeiro Guia de Roteiros Turísticos de Marília.  

*Confira a matéria publicada pelo Jornal O Imparcial, de Presidente Prudente, após nosso contato:
http://www.imparcial.com.br/site/paleontologos-buscam-fosseis-em-area-prudentina