sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O conceito de vida orgânica no empreendedorismo

Já disseram que o essencial é invisível aos olhos, o que conta mesmo são as sensações.
Este texto foi inspirado após a leitura da matéria publica na Folha de São Paulo, edição desta sexta-feira(29/09/17). Achei muito interessante a parte que menciona a saca de café tipo premium vendida por R$ 3.500,00. E mais - depois de colhido o café tem prática de ioga em meio às plantas para ajudar no processo de descompressão do stress da colheita.
Por isso eu gosto de marketing e de trabalhar em projetos inovadores. É ver a vida mais além do que enxergamos, é ver possibilidades de agregar valor ao produto ou ao serviço e surpreender.
Dedico este artigo a amigos que continuam atuando para que a qualidade na produção e as boas práticas administrativas sejam mais difundidas e incorporadas aos processos. Gente que acredita na terra:
Graziela Grecco, Antonio Carlos Covolam ,Carlos Botino, , Cristiane Souza Aguiar, Silvia Furio, Carlos Freitas, Rosendo de Souza, Pereira e Toninha, Adonis Zimmermann e tantos outros anônimos nesta aventura.   
Boa leitura amigos.   

O conceito de vida orgânica no empreendedorismo

Durante minha trajetória profissional eu compartilhei várias experiências de lançamentos de projetos inovadores. O período em que estive vinculado ao Sebrae pondero ser um dos mais produtivos porque o órgão de apoio ao micro empresário sempre investiu no empreendedorismo e no acolhimento de novas ideias.
Hoje vivo novas experiências nas áreas da tecnologia e da inovação dentro da universidade e estou motivado pela velocidade das mudanças e da abertura de novos cenários.
Agroturismo Floresta - Lupércio/Sp
Foi assim que ao lado de colegas igualmente empreendedores, lá pelos anos 90, iniciamos a jornada de incentivo e capacitação para o Turismo Rural, uma nova ideia que tinha um objetivo simples, porém muito legal do ponto de vista negócio: ajudar o homem do campo a tornar sua propriedade mais produtiva e mais atrativa. Numa explanação bem rápida sobre este modelo de negócio a coisa toda consiste em: melhorar as práticas, desde o plantio, a colheita, a lida e o trato dos animais, a produção de queijos, linguiças, biscoitos, pães, licores e até a cachaça, entre outros, dentro de padrões de higiene que agregassem maior valor ao produto final.
E o turismo rural, onde entra nesse contexto? A resposta é: na oportunidade do turista viver estas etapas como hóspede na propriedade, ou como visitante de final de semana, e compartilhar a experiência do fazer, de por a mão na massa e gerar dividendos extras aos produtores envolvidos. Assim, ele poderá ir até o curral na madrugada ainda fria e acompanhar o retireiro na ordenha, depois vai beber o leite, ainda quentinho, adicionado de uma colher de chocolate ou mesmo de uma dose de conhaque.
foto internet
Enquanto isso acontece, lá na cozinha do sítio, na mesa de madeira rústica acomodada sobre o chão de cimento e vermelhão que brilha, a dona da casa ensina os visitantes a fazer a massa do pão com receita que leva ovos caipira, que eles mesmos colheram em ninhos de galinhas carijós, adicionando o fermento orgânico que vem de receita de mãe pra filha, desde gerações mais antigas e, para dar um toque especial, farelo de torresmo bem sequinho ou goiabada caseira como recheio.
Enquanto esperam a massa crescer, coberta com panos de pratos bordados e pintados pela filha mais nova, um aroma de café toma conta do ambiente; café caboclo, colhido, torrado e moído pela família, depois passado no coador de pano sustentado em mariquinha de madeira. Será servido nas canequinhas e bule de ágata, acompanhado de generosas fatias de pão caseiro e manteiga batida na mão, claro, feita com a nata do mesmo leite que é produzido no sítio. Pra quem gosta, tem coalhada.
No passeio do dia os turistas vão conhecer a represa, onde tem pesca de lambaris e traíras para o almoço, podem andar a cavalo ou de charrete e visitar outras propriedades vizinhas e adquirir produtos da roça. Licor de jabuticaba, geleia de amora, chutney de manga,  doce de leite, linguiça pura, e mais aquela variedade de biscoitinhos da vovó que são a alegria da garotada.
Na hora da boia (o almoço) arroz soltinho, feijão cozido na hora, verdura refogada em frigideira de ferro, tudo feito no capricho no fogão a lenha,boa variedade de saladas com verduras que os turistas colheram na horta, orgânica, verduras lavadas com água que vem lá da mina da encosta do morro. O frango caipira não pode faltar, é tradição do interior paulista.
foto internet
Tem ainda carne de porco e de boi, a opção é dos convidados, o que importa mesmo é que os bifes serão fritos em um disco de arado, chapa improvisada sobre a lenha fumegante, servidos em travessa de louça branca, ornados com cebola dourada no caldinho de fundo de panela da fritura. a farofa de banana da terra e ovo frito completam a mesa simples, porém, farta e colorida, mesa compartilhada pelas  famílias dos visitantes e os moradores.
A refeição é acompanhada de histórias sobre a vida no campo, do vento que entra pela porta sala e sai pela porta da cozinha, da vista do terreiro,do verde que enche os olhos das árvores do terreiro e de um sentimento de bem estar que há muito não se sentia. Uma pintura a ser eternizada.    
foto internet
Enquanto saboreia a refeição os olhos da senhora visitante correm pelos cantos da casa. Uma pequena prateleira de madeira guarda as panelas de alumínio que mais parecem uma vitrine de joias, tudo brilhando e impecavelmente areados, os pratos empilhados, o moedor de pimenta do reino, os vidros de temperos,o cilindro de fazer pão, o avental de bolso pendurado ao lado. Ah, tem um detalhe que me esqueci; o macarrão servido é aquele mais grosso,do pacote azul, regado ao molho de tomates vermelhos que também vieram da horta da família.
Depois do almoço, rede na varanda pra quem é de dormir, ou passeio de cavalo para visitar a cachoeira no pé da serra. A trilha que leva ao riacho passa pelo pomar do vizinho. Na volta é possível colher laranjas e cocos, cada visitante recebeu um bornal, feito de saco alvejado e pintado à mão.
Tá feita a feira da semana.Os produtos adquiridos podem ser levados em cestas artesanais ou nos bornais, tudo já faz parte do pacote especial.
De volta pra casa o carro com o porta-malas cheio de comida saudável e de lembranças que vão ficar para o resto da vida. 
Passeio no campo é tudo de bom.
*Artigo publicado na edição de 01/10/2017, Jornal da Manhã-Marília/SP

O link da matéria na Folha: (http://www1.folha.uol.com.br/serafina/2017/10/1920860-luxuoso-hotel-cinco-estrelas-abre-condominio-ecologicamente-correto.shtml)


Ivan Evangelista Jr, Gestor de Negócios com especialização em Marketing pelo Univem. É chefe de gabinete da reitoria do Univem, fotografo, articulista e autor do primeiro guia de roteiros turísticos de Marília.

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